“A Casa da Rua 5”, de Mário de Almeida, é uma narrativa marcada por suspense psicológico e ambientação densa. A história se desenvolve em torno de uma casa antiga, situada em uma rua aparentemente comum, mas que esconde segredos sombrios ligados ao passado dos moradores e da própria vizinhança.
O protagonista, um jornalista em crise criativa, aluga a casa buscando isolamento para escrever. Logo nos primeiros dias, ele percebe que há algo estranho no ambiente: ruídos inexplicáveis à noite, móveis que parecem mudar de lugar, e uma sensação constante de estar sendo observado.
Ao tentar racionalizar os eventos, o personagem mergulha em pesquisas sobre a história da casa e descobre que ela foi palco de um crime nunca solucionado. Um antigo morador desapareceu misteriosamente, e há boatos de que a casa é amaldiçoada ou assombrada por sua presença.
A narrativa é construída com camadas de mistério, alternando entre investigações jornalísticas, relatos de antigos vizinhos e sonhos perturbadores. O autor costura realidade e imaginação de forma ambígua, deixando o leitor em constante dúvida sobre o que é real.
Com o passar do tempo, o protagonista começa a ter alucinações e comportamentos obsessivos. Ele acredita que a casa tenta se comunicar com ele ou que está viva, controlando seus pensamentos e sentimentos. A relação com o espaço físico torna-se sufocante e íntima.
Em paralelo, ele conhece uma mulher que vive próxima à Rua 5 e que parece saber mais do que revela. Ela o ajuda a montar o quebra-cabeça da história, revelando detalhes do antigo desaparecimento e de outros moradores que passaram pela casa e enlouqueceram.
A tensão atinge o auge quando o protagonista encontra um diário escondido nas paredes, que descreve experiências semelhantes às dele. A escrita do diário começa a influenciá-lo diretamente, como se ele estivesse revivendo os mesmos eventos, numa espécie de ciclo repetitivo e trágico.
O desfecho da história é aberto e inquietante. O protagonista desaparece misteriosamente, assim como o antigo morador, e a casa é posta à venda novamente. Um novo interessado aparece, recomeçando o ciclo, como se a casa tivesse uma vontade própria.
Mário de Almeida constrói, em “A Casa da Rua 5”, uma metáfora poderosa sobre o peso do passado, a culpa e a loucura. A casa representa não apenas um espaço físico, mas uma entidade que absorve e transforma aqueles que nela habitam. A obra combina terror psicológico com crítica social e oferece uma leitura densa e provocadora.