O Ateneu , de Raul Pompeia, publicado em 1888, é um romance brasileiro considerado uma das obras-primas do Realismo, com influências do Naturalismo e do Impressionismo. Narrado em primeira pessoa por Sérgio, um adulto que relembra sua adolescência no internato Ateneu, o livro é um estudo psicológico e social, explorando temas como poder, hipocrisia, sexualidade reprimida e a formação da identidade em um ambiente opressivo. Ambientado no Rio de Janeiro do século XIX, o romance reflete a tensão da sociedade imperial brasileira, com uma prosa densa, poética e carregada de simbolismo. A seguir, apresento um resumo em 9 parágrafos, mantendo um estilo narrativo fluido, conforme suas instruções.
A história começa com Sérgio, aos 11 anos, sendo levado por seu pai ao Ateneu, um prestigiado colégio interno dirigido por Dom Aristarco, um educador carismático, mas autoritário. O menino, tímido e sensível, sente-se intimidado pelo ambiente grandioso do internato, descrito como um “palácio da educação” com suas regras e hierarquias implacáveis. A promessa de formação moral e intelectual logo se revela uma fachada, e Sérgio percebe que o Ateneu é um microcosmo da sociedade, onde reinam a competição, a bajulação e a crueldade.
No internacional, Sérgio enfrentou o desafio de se adaptar a um mundo de rivalidades e alianças. Os colegas, como o arrogante Sanches e o rebelde Egbert, representam diferentes facetas da adolescência, enquanto os professores, como o servil Mário, reforçam a disciplina com punições severas. Sérgio, inicialmente ingênuo, observa as dinâmicas de poder, aprendendo a navegar entre a submissão e pequenas rebeliões. A narrativa, impregnada de suas reflexões adultas, revela como essas experiências moldaram sua visão cínica do mundo.
Dom Aristarco, o diretor, é a figura central do Ateneu, um símbolo de hipocrisia e vaidade. Ele se apresenta como um educador visionário, mas sua gestão é marcada por interesses comerciais e manipulação. Sérgio descreve com ironia os discursos pomposos de Aristarco e os eventos do colégio, como competições e festas, que servem para mascarar a repressão. O diretor, com sua autoridade quase monárquica, encarna os valores decadentes da elite imperial, que Pompeia critica sutilmente.
A sexualidade reprimida permeia o ambiente do internato, refletida nas intensas homoeróticas e nas relações ambíguas entre os alunos. Sérgio desenvolve uma amizade intensa com Egbert, marcada por admiração e rivalidade, que desperta sentimentos neles confusos. Essas emoções, descritas com delicadeza e subtexto, contrastam com a vigilância constante dos professores e a moralidade imposta pelo colégio. Pompeia explora a repressão sexual como uma força que distorce a formação dos jovens.
O bullying e a violência são constantes no Ateneu, com os alunos mais fortes impondo sua vontade sobre os mais fracos. Sérgio, frequentemente alvo de provocações, aprende a se defender, mas também internaliza a crueldade do ambiente. Episódios como as humilhações no dormitório e as lutas entre colegas revelam a brutalidade da adolescência, amplificada pela ausência de uma autoridade moral genuína. A narrativa não poupa detalhes, mostrando como o Ateneu corrompe a inocência.
A prosa de Pompeia é um dos destaques do romance, combinando especificamente vívidas com um tom introspectivo. O Ateneu é retratado quase como um organismo vivo, com seus corredores escuros, jardins opressivos e salas que ecoam as sugestões dos alunos. A linguagem, rica em metáforas e flores sensoriais, reflete o estilo impressionista, capturando as emoções de Sérgio em pinceladas poéticas. Essa abordagem dá à narrativa uma qualidade onírica, mesmo ao tratar de temas pesados.
À medida que Sérgio amadureceu, ele começa a questionar a hipocrisia do Ateneu e a autoridade da Aristarco. Sua amizade com Egbert e o contato com outros rebeldes, como o aluno Barreto, alimentam seu desejo de liberdade. No entanto, a rebelião é limitada pelo ambiente controlador, e Sérgio oscila entre conformismo e resistência. Esses conflitos internos anteciparam sua desilusão final com o colégio e com os valores que ele representa.
O clímax da narrativa ocorre com um evento trágico que expõe a fragilidade do Ateneu e a falência de sua fachada. Sem revelar detalhes para evitar spoilers, o desfecho simboliza a destruição das ilusões de Sérgio e a crítica de Pompeia à sociedade brasileira, com suas instituições corruptas e valores vazios. O jovem narrador, ao relembrar esses acontecimentos, reflete sobre como o Ateneu moldou sua visão de mundo, marcada por desconfiança e melancolia.
Em resumo, O Ateneu é um romance poderoso que disseca a formação de um jovem em um ambiente repressivo, ao mesmo tempo em que critica as estruturas sociais do Brasil imperial. Raul Pompeia combina psicologia, simbolismo e uma prosa magistral para criar uma obra que transcende seu tempo, explorando questões universais como poder, identidade e moralidade. Com sua visão desencantada e sua galeria de personagens complexos, o livro permanece uma leitura essencial, tão impactante hoje quanto na época de sua publicação.