“A Tartaruga e a Onça Apressada”, de Ricardo Azevedo, é uma narrativa que revisita elementos clássicos dos contos populares brasileiros, utilizando linguagem simples e acessível para transmitir valores importantes como inteligência, paciência e astúcia. A história tem como protagonistas dois animais com características opostas: a tartaruga, calma e perspicaz, e a onça, apressada e arrogante.
No início do conto, a onça, conhecida por sua força e velocidade, provoca a tartaruga por sua lentidão. Acreditando-se superior em todos os aspectos, propõe uma corrida com a certeza de que vencerá facilmente. A tartaruga, porém, aceita o desafio com serenidade, revelando desde o princípio sua autoconfiança discreta e estratégica.
À medida que a corrida se aproxima, a onça zomba da tartaruga e espalha sua certeza de vitória entre os outros animais. Esse comportamento demonstra a prepotência da onça, que representa aqueles que julgam os outros apenas pelas aparências ou habilidades visíveis, desconsiderando outras formas de inteligência.
A tartaruga, por sua vez, prepara-se com sabedoria. Com a ajuda de suas parentes, organiza um plano engenhoso: várias tartarugas idênticas se posicionam ao longo do percurso da corrida. Assim, cada vez que a onça avança, encontra uma tartaruga já à sua frente, o que a deixa confusa e humilhada.
Durante o desenrolar da corrida, a onça acelera, se desespera e tenta a todo custo alcançar a tartaruga, mas sempre a vê um pouco adiante. A narrativa cria tensão e humor com a frustração da onça, ao mesmo tempo em que evidencia o sucesso do plano coletivo da tartaruga.
Ao final, a onça desiste, exausta e humilhada, e a tartaruga é aclamada vencedora. O desfecho ensina que a esperteza e a organização podem superar a força bruta e a impulsividade. O autor valoriza não só a inteligência individual da tartaruga, mas também o trabalho em grupo e a solidariedade entre os semelhantes.
Ricardo Azevedo, conhecido por seu trabalho com a cultura popular brasileira, reconta essa fábula com leveza e graça, mantendo a musicalidade e o tom oral característicos das histórias contadas ao pé do ouvido. O texto carrega o sabor dos causos do interior, com expressões típicas e uma cadência envolvente.
A obra também propõe uma reflexão sobre o valor da paciência em um mundo marcado pela pressa e pela competitividade. A tartaruga representa uma sabedoria antiga, que observa, pensa e age com estratégia, contrastando com a onça, que age por impulso e orgulho.
Em resumo, “A Tartaruga e a Onça Apressada”, de Ricardo Azevedo, é mais do que um conto divertido. É uma lição sobre respeito, humildade e o poder da inteligência coletiva. Um texto que encanta crianças e adultos, e que permanece atual em seu ensinamento sobre os caminhos da sabedoria e da astúcia diante da arrogância e da pressa.